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Super Phoenix: Show 2018 - Parte II

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Show 2018 - Parte II


No primeiro post dessa série, diretamente da tumba, falamos sobre a primeira colocada no show das equipes da gincana 2018, quer dizer, no I Festival de Artes Cênicas.

Hoje falaremos sobre a segunda melhor apresentação. Falaremos sobre a Águia de Fogo.

Porém, antes de falar do show de 2018 é preciso falar de 2017, porquê não há como entender a estética de 2018 sem contextualizar o que foi 2017.

Em 2017 a Águia talvez tenha apresentado o seu melhor show, em todos os tempos, a temática adulta, a representação sem concessões, o nível de concentração e representação de cada elemento em cena, a perfeita combinação de cenário, desenho de luz, figurino e trilha sonora. Tudo isso para falar sobre os "tempos de chumbo", uma crítica feroz a um tempo em que as bocas que ousassem divergir eram fechadas na marra. Apresentação que poderia ser classificada como +16, sem dúvida, tamanho o grafismo da violência exibida. Arte visceral, feita de encomenda para chocar a sociedade Jeronimense.

Enfim, dado esse contexto, que explica muito o show da Poupança comentado no post anterior, vamos falar sobre o trabalho de 2018.

O acerto de 2017 apontou uma direção que não podia ser ignorada, mas que não poderia ser repetida na íntegra, ao menos em termos de arte, pois artista que fica se repetindo não é artista. O que fazer? E foi assim que eles enfrentaram esse grande desafio.

Caracterização do Tema: Resumindo, "O outro lado do cartão postal" se propôs a representar o morro que não é para os turistas e a comunidade que é ignorada ou estereotipada pelos "estrangeiros". A ideia era denunciar o preconceito e violência a que essa parcela da sociedade é exposta. A cultura do funk foi utilizada como apoio para contar a história.
Talvez a caracterização tenha sido o grande problema da apresentação, não pela escolha do argumento, que tinha muitos pontes fortes, mas pela forma de contar essa história. A complexidade da mistura de violência, alegria, convívio entre trabalhadores, malandros, traficantes, policiais e milicianos não é simples de entender para quem não tem a vivência dessa realidade. E faltou essa vivência na representação do show. Foi tudo resumido na alegria de um baile funk interrompido pela violência injustificada da polícia. Aparentemente o pessoal curte muito funk e a cultura associada a ele, sem problemas, mas faltou morro de verdade e sobrou Esquenta.

Conjunto: Esse quesito depende do tema, com a mão certa na condução da história o conjunto se acerta com facilidade. A representação do todo foi prejudicada pela história que não se concretizou. Apesar disso, teve a competência habitual da construção de cenários, luz e figurinos adequados ao tema proposto. Talvez, apenas talvez, o andamento do show tenha sido prejudicado com aqueles "falsos finais", uma tentativa de criar um gancho emocional que não funcionou tão bem.

Desempenho do Elenco: Elenco numeroso e competente como sempre. Estavam obviamente em seu terreno quanto as coreografias e representação. Fez o que lhe foi solicitado com tranquilidade e poderia ter feito mais.

Desempenho da Rainha: As maiores notas da apresentação. Fez uma apresentação muito segura, intensa, o tempo todo se dedicando ao máximo e com preocupação de aproveitar cada momento para jogar para fora as emoções necessárias para o show. Pegou o microfone para dar o seu "recado" e foi bem, apesar de meio longo, não é fácil fazer ao vivo.
* E se não era ao vivo foi tão bem dublado que parecia ela mesmo falando - usamos essa técnica no nosso estimado cirquinho e ficou bem legal também.

Apesar de tudo, foi um show muito bom e teria vencido se a Poupança não tivesse feito o que fez.

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