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Super Phoenix: novembro 2014

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Em busca de novos caminhos


Ontem fui incluído em uma "comunidade" - será que isso mesmo? - lá no face chamada "Repensando as Gincanas". O objetivo do criador da comunidade, o Cassiano Brenner, é juntar quatro representantes de cada equipe em um espaço para troca de ideias sobre como melhorar as gincanas, especialmente no aspecto segurança.

A ideia é ótima, pois, depois de muito tempo, vejo pessoas de equipes distintas e, principalmente, grupos distintos, interagindo de forma positiva, construtiva, em busca de soluções para os problemas que estamos enfrentando.

Esse talvez seja o primeiro passo a ser dado na direção de algo melhor. O caminho, obviamente, não é fácil. Será preciso se despir de toda a tendência, as vezes inconsciente, de não querer mexer naquilo que pode lhe dar vantagem, ou, justamente o contrário, mexer em algo apenas para ter vantagem, será preciso esquecer velhas rivalidades e ressentimentos pessoais, tudo para não cair naquela velha história de boas intenções que são esquecidas já na hora de combinar voto para indicar a organizadora.

Nesse processo eu aposto muito nos organizadores. Eles é que serão os guardiões do bom senso e terão o poder real de transformar tudo (é a grande oportunidade de uma organizadora aparecer com uma inovação que não se vê tem anos) e de se negar a realizar gincanas que não sejam saudáveis e seguras. Caberá às Ligas a responsabilidade de saber escolher a melhor proposta para cada cidade.

Tomara que venhamos a lograr êxito...

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O que realmente importa


O trágico acidente ocorrido em Gravataí no último final de semana não para de gerar comoção dentro e fora da web.  Não pretendo mais me manifestar aqui pelo blog sobre esse assunto. Porém, vou fazer minhas últimas observações. Eu estou tentando explicar o que penso estar acontecendo em três partes. Espero que compreendam. O assunto é muito complexo.

Parte I: Eu acho que todos temos um pouco de responsabilidade pelo modelo de gincana que adotamos e dos riscos envolvidos. Isso é uma coisa. Nessa coisa entra todo mundo. Porém, eu e tantos outros não estávamos lá na hora do acidente. Logo, não sabemos o que e como aconteceu;

Parte II: A outra coisa é o linchamento do cara que fez a cagada na tentativa de jogar tudo o que aconteceu nas costas de um só ou de aproveitar para dar um pau na equipe da qual não se gosta. Existe gente muito mais habilitada do que eu para apurar os fatos e julgar. Ficou fácil virar as costas para o cara tanto para quem já era rival, para quem tinha alguma conta para acertar ou até para quem nem sabe mais quem ele é. Esse linchamento via web que fazem é muito oportunista. São os perfeitos da internet.

Parte III: A terceira parte dessa história é a culpabilidade criminal do fato. Nessa só está envolvido quem praticou delito. E isso não sou eu, nem o face, que vai dizer.


PORÉM, O QUE REALMENTE IMPORTA É QUE FALECEU O SENHOR WALTUIR JOSÉ DUTRA DURANTE UMA GINCANA E NADA PARECIDO JAMAIS DEVE OCORRER NOVAMENTE.

EU ESTOU POUCO ME IMPORTANDO SE OUTRAS 40,50 OU 100 PESSOAS MORRERAM NESTE FINAL DE SEMANA. NÃO É POSSÍVEL RELATIVIZAR UMA MORTE.

NADA PODE SER MAIS GRAVE DO QUE ISSO E NADA DEVE SER MAIS IMPORTANTE DE SER RESOLVIDO PARA QUE NUNCA MAIS OCORRA.






Ponto de mutação


Muito tem se falado sobre o excesso de profissionalismo das gincanas, na busca obsessiva por pontos, no foco excessivo na vitória e na aceleração absurda das gincanas nos últimos anos.

Ontem eu li a matéria, excelente aliás, que a Zero Hora publicou sobre as melhorias que se pretende fazer nas gincanas. Ali foi citado pela Ana Schweitzer que as gincanas começaram a mudar a mais ou menos uns 15 anos. A memória nos prega peças, portanto posso estar enganado, mas eu lembro que as gincanas ficaram do jeito que estão a bem menos tempo.

Em 1999, quinze anos atrás, as gincanas de São Jerônimo e Portão, por exemplo, eram organizadas pela Astura ou por alguma equipe que seguia o mesmo padrão, como a Falange, por exemplo.

Eu lembro, e tenho fotos, da primeira gincana que participei em Portão, foi em 2003, junto com a Pepino. A gincana era organizada pela Astuta e as tarefas eram divulgadas nos famosos envelopes. Uma charadinha por hora e olhe lá. Descontração total no QG. Nessa época poucas equipes e poucas pessoas participavam em cidades diferentes. Nessa gincana, por exemplo, todas as equipes de apoio estavam reunidas em uma única sala de aula do QG.

A gincana de São Jerônimo seguiu nesse esquema até 2007. Em 2004 a nossa gincana foi organizada pela Gênesis e nos dois anos seguintes pela Tchê. Sempre no esquema de uma ou, vá lá, três tarefas em uma hora, entregues em envelopes. A gincana toda tinha cerca de 40 tarefas. Isso ainda em 2007.

Portão mudou um pouco antes. A Enigma, que utilizou algumas ideias que a Ninja vinha realizando com sucesso, começou a organizar por lá em 2005. Pelo menos é o que eu lembro. Eu estive no QG da Pepino em 2005 e lembro que ver as charadas e as tarefas de um modo geral e ter a sensação de estar vendo um outro mundo. A Enigma tinha dado um salto em relação ao que estava acontecendo.
Em Portão a gincana devia ter, lá por 2005/2006, cerca de 60/70 tarefas. E era um absurdo de tarefa para a época.

A Enigma organizou São Jerônimo em 2008 - foram 76 tarefas contando desfile e show de abertura.

Olha só esse post que eu fiz em Março de 2009

"Mais um final de semana e mais uma gincana, agora foi a vez de Picada Café 2009. Gincana muito forte, em ritmo alucinante (84 tarefas), organizada pela renovada Agência Enigma."

Em Portão, poucos meses depois, já foram 102. A famosa barreira das 100 tarefas havia sido quebrada.

A Enigma era a melhor organizadora da época e reinou sem rivais até 2008. Em 2008 surgiu aquela que iria criar uma saudável rivalidade entre organizadoras e, segundo vários, inclusive esse que aqui escreve, iria superar a rival: a Racha Cuca.

A Racha Cuca pegou o que a Enigma já fazia e acrescentou tarefas com muita criatividade e bom humor que geraram as melhores gincanas que já participei. Isso nos anos entre 2009 e 2010. Mas o forte da Racha Cuca não era a quantidade. Alguns números da Racha Cuca:

Picada Café 2010: 74 tarefas
Charqueadas 2010: 66 tarefas
São Jerônimo 2010: 78 tarefas (incluindo o show)

A Enigma, por outro lado, fazia gincanas que nessa época eram consideradas mais tradicionais. Porém, acreditava muito em aumentar o desafio aumentando o número de tarefas, o desafio das equipes conseguirem se organizar para cumpri-las.

Em paralelo a disputa das organizadoras, a partir de 2007, todas as equipes descobriram que tinham que participar em outras cidades e conseguir apoios fora. Junto com essa ideia vieram a formação dos grupos como co-irmãs e família gincaneira. Para permanecer no grupo você tem que dar muito retorno, ser leal ao bando e participar em massa. Logo, começaram a surgir os ônibus de equipes em frente aos QGs.

Esse aumento da quantidade de pessoas levou, também, ao aumento do número de tarefas, pois as próprias equipes passaram a reclamar que tinham centenas de pessoas no QG que viajam horas para participar de uma gincana e ficavam sem nada para fazer.

Depois da gincana de São Jerônimo li no indescritível calendário gincaneiro uma pessoa reclamando que havia poucas tarefas. Que as organizadoras tinham que aumentar o número de tarefas. Qualquer observação no sentido de reduzir a quantidade de tarefas era criticada, no lindo mundo do facebook, por ser apenas uma tentativa de "facilitar" a gincana para uma equipe ou uma tentativa de prejudicar alguma equipe. O tal pensamento fanático que enxerga apenas pontos e um troféu de campeão no final de semana.

Então, lá por 2012 as coisas começaram a degringolar. O aumento de pessoas, somado ao aumento do número de tarefas é sustentado até certo ponto. Depois disso entramos em colapso.

A partir de 2012 começou a ser comum ouvir histórias sobre acidentes de trânsito em gincanas. Eu me acidentei em 2009 e foi um acontecimento pelo fato extraordinário. A partir de 2011/2012 começou a ser comum acidente em gincana. A de Portão em 2012 teve vários. Teve uma em Rolante que teve uns oito. Foi nessa época em que a gincanas também começaram a ficar automatizadas.
Todas as equipes estão seguindo uma receita padrão e para se diferenciar apenas incrementam as tarefas com mais exigências.

Outro fator importante é o aluguel de veículos. Até 2010 isso não era tão comum. A partir de 2011/2012 se descobriu que se podia alugar um carro por quase nada e "destruir" ele no final de semana sem pena. Isso, mais a imprudência e imperícia, são um prato cheio para os problemas que estamos enfrentando.

O cenário, como podemos ver, é cheio de variáveis e com muitas nuances.

Rivalidade exacerbada + Foco excessivo na vitória + aumento do número de gincanas + aumento do número e complexidade das tarefas + aluguel de veículos + imprudência e imperícia resultam em algo não muito agradável.


PS: Tem umas histórias sobre sábado que ouvi que parece estão se confirmando. Só posso dizer que estou decepcionado.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Propostas para um mundo melhor


Um amigo meu, o Vítor, deu uma série de sugestões no whats da equipe ontem. Várias ideias bem legais, próprias de quem participa a bastante tempo e conhece a rua.


Olhem só:

Ideia 1 - Sobre a rua

A equipe organizadora reúne representantes, sem celular, das equipes no QG central. Quando todos estiverem lá a organizadora passa o vídeo do local onde está escondido o carinha. Cada equipe tem um tempo para discutir onde acha que é o local e, após esse tempo, o líder da rua vai até a organizadora e diz onde acha que fica o local. As que acertarem seguem um carro da organizadora até o local. As demais tem mais um tempo para acertar. Se, em cinco tentativas, a equipe não acertar o local, ela é conduzida mesmo assim, porém perde pontos.

Ideia 2 - Sobre a entrega de objetos

Aperfeiçoar a ideia de entrega do objeto em qualquer um dos lotes da gincana, apenas com desconto de pontos. Exemplo:
Objeto: caneta azul
- Entrega no lote das 23:00: 500 pontos
Após esse horário a pontuação será descontada em -5 pontos a cada minuto excedente até o limite de 150 pontos de desconto. A partir desse ponto o objeto passa a valer a pontuação do próximo lote.
- Entrega no lote das 05:00: 350 pontos
... e assim por diante. Isso iria acabar com a correria de chegar com o objeto para determinado horário.


Ideia 3 - Sobre resposta de charadas

Adotar o mesmo princípio dos objetos acima. Talvez se pudesse receber apenas a resposta da charada não entregar objeto nenhum. Isso poupa a correria da charada morte em cima da hora.


Ideia 4 - Mais uma sobre a rua

Investir em tarefas como a "caça a cápsula" que a infinitum fez em Portão. Aquela em que um carro a 30/40 Km ia seguindo as orientações de um vídeo


Ideia 5 - Objetinhos (essa a gente ouviu em Taquara. Acho que do Barriga da TNC)

As equipes deveriam estar em um determinado local em um horário previamente combinado com um número x de crianças. Nesse local haveria uma série de objetos a serem encontrados e as crianças teriam um tempo determinado para procurar.


Ideia 6 - A volta dos rallys

As equipes teriam que estar em determinados locais para entregar objetos para a organizadora dentro de limites de horário previamente combinados. Não adianta chegar antes. Por exemplo, entregar uma bandeira na Bandeira Branca entre às 02:00 e às 03:00; próxima etapa entregar um conde na Vila do Conde entre às 05:00 e às 06:00;


São apenas sugestões. O certo é que o aumento da quantidade de gincanas e, por consequência, da quantidade de participantes, fez com que o número de tarefas crescesse muito. Uma gincana com vinte carros na rua é uma coisa, com cem outra bem diferente.


Gincaneiro com o que mesmo?


"A tua piscina está cheia de ratos, tuas ideias não correspondem aos fatos" - Agenor de Miranda Araújo Neto

A estrutura das gincanas está comprometida. Qualquer um com o mínimo de conhecimento dos bastidores sabe disso. As tarefas de rua são apenas parte do problema. É preciso urgentemente uma reinvenção.

Eu estou muito decepcionado. Muito. Eu fico pensando, lendo o que tenho lido, se não teria alguém feliz com isso tudo. Aquela velha história de transformar "crises em oportunidades";

Por que essa é uma boa hora para isso acontecer. Basta mexer os pauzinhos para o lado certo e alguém pode se tornar o novo rei da gincana. É só um pequeno ajuste e a minha "equipe" passa a disputar o "grande" título de campeão da gincana municipal de sei-lá-onde. Título? Campeão do que mesmo? Eu, graças a Deus, tenho mais coisas na minha vida para me orgulhar.

Nessas horas também se vê o fantástico festival de "não tenho nada a ver com isso". Como se todos nós não tivéssemos um pouco a ver com tudo isso. Todos nós! Em Gravataí, o líder da Trapo falou "Não podemos estigmatizar a rua. Pode acontecer com alguém indo em casa a mil para buscar uma caneta". E, sim, ele está certo.

A coisa mais fácil do mundo, agora, é tirar o corpo fora. É uma barbada escrever "as equipes não tem nada com isso", "as organizadoras não tem nada com isso", "a responsabilidade é de cada um", " a culpa é de quem corre na gincana e não respeita as leis de trânsito". Mas de onde tiram isso???
Será que só tem anjinhos nas equipes?

Vou contar um caso hipotético:

"Em uma gincana, durante uma tarefa de dois tempos, a equipe X demora a matar o lugar e quando finalmente o encontra faltam minutos para o término da tarefa. Para piorar, o carro que chegou lá não tem o "amuleto" que precisava estar junto com um "berimbau" (que já gerou uma correria do cão para conseguir) e uma pessoa fantasiada de gorila para pontuar e retirar a tarefa antecipada. O pessoal do carro liga desesperado para o QG, faltam três minutos para encerrar o tempo, e pede para alguém levar o "amuleto". Um senhor dos seus 50 e poucos anos grita que sabe onde é. Pega o amuleto, entra no carro, e sai a toda velocidade até o local. Ele chega lá faltando 19 segundos e a tarefa é cumprida. A equipe de rua é recebida com honras militares no QG. Ninguém pergunta se no caminho ele respeitou a preferencial, a velocidade limite da via ou outros detalhes menos importantes".

Essa situação poderia ter ocorrido em qualquer QG de qualquer equipe do estado. Mas ontem, lendo a porcaria do face, parecia que isso só acontece nas gincanas do Paquistão. Parecia que o problema era localizado e "removendo a laranja podre do cesto" tudo voltaria a ser bom, justo e honesto. Como se houvesse essa laranja. Só quem NUNCA fez uma rua "as ganhas" pode pensar uma coisa dessas. Ninguém sai de casa e vai para uma gincana com a intenção de causar um acidente, porém, vários amigos se colocam na situação de causar um para cumprir uma tarefa. Como no caso fictício acima. Vários já se acidentaram e poderiam ter morrido - eu inclusive. 

A verdade é que ninguém opta por zerar tarefa. Se houver a menor possibilidade é pau na máquina. Inclusive eu gostaria de estar dentro de um QG quando alguém dissesse (na madrugada): "olha não vai dar para ir até o aeroporto e voltar em duas horas..." Será que o pessoal diria "Tem razão, deixa assim"? E se aparecesse um herói que fizesse a façanha? Na próxima tarefa, quem iria buscar o objeto?

Existe um "pacto silencioso" para blindar as gincanas de qualquer comentário negativo que possa ser feito. Então é muito feio alguém dizer que, um pouco antes do falecimento daquele pobre senhor, houve quem pensasse que era ruim cancelar a rua. Por que isso iria prejudicar a equipe A ou B. E fica uma hipocrisia do caralho com notinhas para lá e para cá.

Vejo muita gente feliz quando "engata" o adversário, quando consegue uma "vantagem", mas que fica puto e dá discurso quando leva a engatada ou descobre a vantagem do adversário. É fácil dar discurso até alguém descobrir que se estava dando moral de cuecas.

A equipe de gincana virou uma coisa amada irracionalmente por alguns integrantes. Esse amor irracional não permite enxergar qualidades em qualquer outra equipe e qualquer crítica ou crise é vista como uma ameaça a existência desse amor e é negada com fanatismo religioso.

Essa mudança de mentalidade - o fim dessa hipocrisia que está entranhada na sociedade é que teria que acabar. Mas essa é uma questão muito maior do que gincana. Não vamos esquecer que as pessoas que participam de gincanas não são melhores (e nem piores) do que as demais. Participar de uma gincana não te torna diferente, nem imune a sociedade em que se está inserido. E um dos males que enfrentamos é essa mania de condenar nos outros aquilo que a gente mesmo pratica.

O acidente foi terrível. Uma vida foi perdida e não há meios de remediar o que houve. A família deve estar arrasada e não há como consolá-los. Sentimos imensamente. Cabe as autoridades apurar o fato, as responsabilidades e então, se for o caso, dar a punição devida. Porém, eu não consigo conceber como deve ser difícil conviver com o fato de ter tirado a vida de alguém. E para que isso nunca mais venha a acontecer é preciso mudar ou parar de vez. Eu, hoje, não colocaria nenhum carro nosso na rua.






Ponto Final ?


Eu considero a Phoenix uma das melhores equipes de rua na sua cidade em todo o estado. Afinal de contas, a gente compete contra equipes maiores, com muito mais recursos, mais carros, e, na planilha, chegamos praticamente empatados - isso quando não chegamos na frente. Em São Jerônimo o nosso pessoal de rua é foda. Essa fama não passa desapercebida; Em algumas cidades, o pessoal entra em um carro nosso e diz "quero ver se vocês são bons mesmos" e lá vamos nós provar os motivos de tanta notoriedade. Claro que isso não é exclusividade nossa. Toda equipe faz loucuras para cumprir uma tarefa a ficha corrida de acidentes no trânsito, alguns graves, envolve gente de todos os lados.

Isso tem que ser escrito para, de certa forma, evitar que digam que quero mudar as gincanas para me beneficiar. A minha equipe só perde, em pontos, com o fim da rua como ela é. Porém, é justamente isso que queremos. A rua, do jeito que é hoje, tem que acabar. Aliás, deveria ter acabado faz tempo.

Quem não conhece gincana pode achar que somos todos anjos, que pensamos apenas no bem do evento e das amizades, mas, no fundo, a galera quer ganhar e se sentir poderoso ganhado gincana;

Eu escrevo sobre esse assunto a muito tempo:

Brincando com a morte
(em 2012)

São Jerônimo 29 de setembro de 2014

Não tenho orgulho em perceber que muito que escrevi se confirmou. No "brincando com a morte" a frase final é: Não quero ter que escrever um post lamentando a morte de alguém.

Infelizmente, hoje, tenho que escrever um post lamentando a morte do senhor Waltuir José Dutra, 50 anos. Atropelado durante uma etapa de caça. Uma morte estúpida que poderia ter sido evitada.

Em Gravataí, por ironia, a Phoenix não estava na rua. Mas, se estivesse, talvez a gente fosse na mesma etapa, talvez a gente estivesse puxando a ponta e talvez a gente tivesse se envolvido no acidente. Esse acidente poderia ter ocorrido com qualquer um que estivesse no caça, em qualquer cidade, em qualquer gincana. Todos que participam de gincana sabem disso, ao menos aqueles que, um dia, saíram de dentro do QG e fizeram rua as ganhas.

Por isso, para se proteger da ideia de que poderia ter causado esse mal, algumas pessoas tendem a jogar tudo para um lado só. No Brasil se diz que "o problema está resolvido quando se acha um culpado".

Nesse caso, não será suficiente achar o culpado. Será preciso alterar a estrutura toda. A estrutura das gincanas rachou e a gente, se quiser continuar, vai ter que consertar esse estrago.

PS: A tarde post com ideias que estão surgindo a ações positivas.

Obrigado Trapo


Eu conheci o pessoal da Trapo através do Marco. Foi ele que me apresentou o Éder e juntos conversamos algumas vezes. Depois, com o fim da nossa parceria com a Retalho, era caminho natural que a gente acabasse aproximando as equipes.

Assim, a Phoenix estava de casa nova esse ano em Gravataí. Essa foi a nossa primeira gincana com a Trapo, iniciando uma parceria que, espero, seja longa.

O que pude perceber do QG foi a afirmação de valores positivos como trabalho, respeito e amizade. Além de uma certa "despreocupação" com a competição em si. Sei lá, uma forma mais leve de levar as coisas. Isso me agradou muito. Fomos muito bem recebidos no QG e, de certa forma, lembrei do QG da Phoenix.

A Trapo se preparou muito para fazer uma boa gincana e estava fazendo. Porém, infelizmente, a gincana acabou do jeito que ninguém gostaria que acabasse.

Eu estava lá no hora da suspensão da rua. Naquele momento eu ainda não tinha ideia da gravidade do acidente. Porém, chamou muito a nossa atenção a expressão de um dos líderes da Trapo, o Rodrigo, ao dar a notícia e logo a seguir, acho que foi o Éder, pedir uma oração para a pessoa que tinha sido atropelada. O clima ficou muito ruim. Acabou a festa. Naquele momento acabou a gincana no QG. Ninguém parecia muito disposto a seguir nas tarefas.

As coisas pioraram muito rapidamente. Logo a seguir, dava para ver o pessoal da equipe nervoso, ao telefone, caminhando meio perdido pelo QG e veio a confirmação da pior notícia: a pessoa atropelada havia falecido. Nesse momento a gincana, que já estava com cara de fim de festa, acabou de vez. Antes mesmo de qualquer reunião com organizadora, de anúncio oficial, a Trapo já estava fora da gincana.

Uma forma dolorosa e indesejada de encerrar uma gincana. Uma gincana que não teve vencedores. Todos perderam nesse final de semana.

Agora é o momento de profunda reflexão e mudanças concretas, caso contrário será o fim.