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Super Phoenix: Pra não dizer que não falei das flores

terça-feira, 19 de abril de 2011

Pra não dizer que não falei das flores

O show de escolha da rainha da gincana de São Jerônimo é a tarefa MAIS IMPORTANTE dentre todas as solicitadas durante a competição. Qualquer um pode discordar ou não gostar dessa afirmação, mas ela é a mais pura verdade. E digo por que, por que ela é a única tarefa que permite o convívio entre os ginaneiros durante praticamente durante todo o ano, a única em que podemos botar para fora toda a nossa criatividade e brincar de ser "artísta", por que ela potencializa a rivalidade entre as equipes, a única que dá ao vencedor o direito de fazer carreata, a única que reune cerca de quatro mil pessoas somente para assití-la e pagando ingresso ainda por cima. Por tudo isso ela é a tarefa mais importante da gincana e por tudo isso vai levar a gincana à ruína.

Por quê? Por que ela empolga demais quem dela participa. A cada ano as equipes tentam superar as rivais e a si próprias, realizando um espetáculo cada vez maior e melhor. E essa euforia não conhece limites, é fácil deixar a criatividade voar, pensar não somente em vencer mas, também, encantar o público com apresentações de excepcional qualidade. Sempre cabe espaço para mais brilho, mais cenário, mais figurino, mais tudo.

A partir de 2006 as apresentações cresceram absurdamente. Querem um exemplo? Comparem os shows vencedores no período entre 2002-2005 com qualquer um do período entre 2007-2010. Em alguns casos chega a ser constrangedor. Aqueles do início do século chegariam hoje, no máximo, em terceiro lugar.

Mas quanto se gasta não é problema de cada um? Cada um faz o que quiser e depois paga a conta, não é? Não, não é mais. Pois isso trouxe consequências para o todo, para todas as equipes. Quando uma equipe gasta mais do deveria isso afeta as demais, pode acreditar.

Querem um exemplo bem prático? Por que contratar uma organizadora para Rolante custa X e para São Jerônimo custa X+3? Um dia me fizeram essa pergunta em uma reunião da liga e eu não soube como responder direito naquela hora. Depois, pensando um pouco, cheguei na resposta. É por que se as equipes podem torrar, juntas, 80.000 (isso mesmo, oitenta mil) para produzir uma única tarefa, a organizadora se sente no direito a uma fatia desse bolo. E não é só a organizadora, toda a prestação de serviços para o evento também eleva o seu preço. Parece injusto, mas é isso mesmo. Esse dias ouvi uma entrevista do presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Sr. Francisco Noveletto, nela ele era questionado sobre como os clubes do interior podiam se queixar de falta de dinheiro se a televisão nunca havia dado tanto diheiro para os clubes. Resposta do Noveletto, "Por que tem a inflação. Jogador que jogava por dois mil agora quer quinze. Todo mundo sabe que tem mais dinheiro então sobe o preço de tudo".

Há equipes que já gastaram mais de vinte mil para produzir um show e, pior, nós mesmos fazemos o favor de espalhar isso por aí. Vendendo a grandiosidade do nosso show estamos vendendo uma imagem de ricos que não corresponde a realidade. Sabem por que? Por que todo ano a conta não fecha, e todo ano tem gente dentro de todas as equipes que tem que tirar dinheiro do bolso para pagar as contas. Em uma equipe pequena o rachão pode ficar em 200,00 por casal, mas, em equipes grandes, tem gente que chega a tirar 2000,00 do bolso para ajudar a equipe. E isso a fundo perdido!!! Nunca mais se verá essa grana. No primeiro ano a gente ajuda, no segundo a gente acha chato, no terceiro não quer mais saber. Ainda mais quando se mistura trabalho voluntário com profissionais. Chega uma hora em que quem trabalha de graça, na base do amor, começa a se perguntar por que o seu trabalho não é tão valorizado quanto o dos "profissionais". É muito bom trabalhar no show, é muito legal fazer parte de tudo aquilo, porém, a carga de trabalho está grande demais, para todos. Vai longe o tempo em que o cenário era construído enquanto se assava o churrasco e se bebia cerveja. Hoje os prazos são cada vez mais curtos para construir mais coisas que custarão mais grana e assim por diante.

E ainda nos perguntamos por que tem cada vez menos gente ajudando no show !?

O custo da gincana de São Jerônimo, para a Liga, no ano passado foi de quarenta e seis mil reais e uns quebrados. Trinta e quatro foi o custo para a infraestrutura do show, o resto foi gasto na contratação da organizadora e outras despesas da liga. Sabem quais foram os assuntos mais discutidos na primeira reunião da Liga desse ano,em Janeiro? como conseguir verbas públicas para bancar o show da gincana e como a liga pode pagar tanto para a organizadora do ano passado. E esses continuam sendo os assuntos dominantes na liga e nas equipes.

A conclusão é que a única forma de salvar o evento, será através de financiamento público e da redução do valor pago para a organizadora. Nesse caso sou obrigado a perguntar:

- Será que não dá para pensar em gastar menos no show?
- Será que reduzir o valor da organizadora em dois ou três mil fará alguma diferença?
- Será que dar calote na organizadora do ano passado vai ajudar a melhorar a imagem da nossa gincana?

O calote na organizadora chega a ser cômico. Se não fosse hábito das equipes deixar de reembolsar seus próprios integrantes, eu acharia que isso é uma represália pelo fato da Phoenix ter vencido a gincana. Mas é claro que não é, é pior. É a institucionalização do CALOTE na liga. Todos conhecem histórias de gente que trabalhou para as equipes e não recebeu, de gente que emprestou dinheiro para as equipes e nunca mais foi pago. E agora a liga adota o mesmo expediente sob o argumento de que "foi caro". Senhores, como diria o Adão "o que é tratado não é caro". Assinaram contrato com a organizadora e terão que pagar de um jeito ou de outro. Eu acho melhor pagar numa boa...

O pior é que várias pessoas estão criando a seguinte cultura em nossa cidade: os apaixonados pelo show contra os que querem acabar com o show. Os primeiros são aqueles que fizeram adesivos de "viva o baile" e distribuiram para os defensores do evento, eles seriam o pessoal "do bem", os outros são "o mal" e querem acabar com o show por puro e sádico prazer. Por que será que todo mundo tem que pensar que tudo deve ser radical? A favor ou contra? Ame-o ou deixe-o? Nessa visão qualquer crítica é vista como uma tentativa de acabar com o evento. Porém, elas podem ser positivas para fazer a gente pensar se está no caminho correto. Tenho certeza que ninguém quer acabar com o show, nem com a gincana, apenas discutir a melhor forma de como conduzir essa tarefa para que todos possam participar, se divertir e que ela seja sustentável por muito tempo. Pensem bem, eu poderia facilmente dizer que quem gastou mais do que deveria, quem deu calote na organizadora e nos membros da própria equipe foram, justamente, aquelas pessoas com o adesivo de "Viva o Baile", mas acho que a discussão é mais ampla.

A cidade, ou melhor, as equipes de São Jerônimo, tem que decidir qual caminho tomar. Do jeito que está parece que a gincana é um detalhe que apenas atrapalha o show. Que não temos equipes de gincana em São Jerônimo, mas grupos de dança e teatro. Bem, talvez seja isso mesmo, mas, se for, avisem para todo mundo e parem de chamar o que temos em São Jerônimo de gincana e criem um festival, será mais fácil fazer um projeto para conseguir verbas. As brigas também irão acabar, pois teremos um foco definido. É isso que falta para o nosso evento, foco! Qualquer estudante de administração de empresas sabe disso, se não houver foco nas ações de uma empresa ela tende a desaparecer por não saber qual caminho seguir.

Será que nós, equipes, sabemos qual caminho seguir?



PS 1: Como cheguei nos 80.000? Olha só: 7500 + 7500 + 7500 + 17000 + 17000 + 30000 = 86500,00. Dei um desconto de 6500,00 para o caso de eu ter estimado muito para cima, o que eu duvido. E cada um pode botar o nome das equipes embaixo do valor, para quem é de São Jerônimo é uma barbada.

PS 2: Substituam gincana por carnaval e estarei contando como o carnaval de São Jerônimo começou a acabar.

PS 3: Eu sei o que a Phoenix é. É uma equipe de gincana. Gosto muito do show, mas fazemos a tarefa dentro das nossas possibilidades.

PS 4: Sim, eu sei que a Liga está trabalhando na elaboração de um projeto que permita captar verbas por meio de uma dessas leis de incentivo a cultura. Reforço o que digo, um festival de dança/teatro seria bem mais fácil de vender para um projeto desse tipo. Gincana é outra coisa, e bem mais barata.

PS 5: Estou torcendo para essa verba sair, caso contrário, em Setembro descobriremos que nosso show será na praça Júlio de Castilhos à luz de velas.

7 comentários:

  1. Grande Fábio!

    Todo esse histórico de tradições artísticas e culturais foi onde eu quis chegar lá no site da Retalho. Eu sei que é complicado tocar nesse assunto. Mas como tu deixou claro no teu post, por mais que seja difícil mexer nas tradições da CIDADE, ficaria muito fácil separar os eventos. Quem quer "carnaval", como tu mesmo citou, participa do carnaval. Quem quer gincana, participa da gincana. A minha dúvida é, separando os eventos, teria público e recursos para manter os 2 eventos grandes!? Haveriam tantas equipes nos bailes, quanto equipes na gincana!? Ou equipes na gincana, quanto equipes no baile!?

    Como expectador de outra cidade (e com outra cultura de gincana), é praticamente impossível opinar de forma a contribuir positivamente. Então o que me resta é torcer, e realmente torço muito, para que consigam chegar a uma saída que mantenha o brilho do baile, preservando as tradições culturais da cidade, e que se mantenha a gincana GRANDE, como sempre foi.

    Grande Abraço,

    Sorriso

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  2. Aqui no Leão passamos por um caso parecido, com o desfile das equipes, só que em proporções bem menores!

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  3. O Baile só é este sucesso porque é realizado por pessoas que querem fazer o melhor por sua equipe,então não vejo porque não modificar a tarefa quanto aos "recursos". Já sobre as pessoas,tem gente suficiente para participar da dois eventos,na verdade seria ótimo,ainda mais se fossem em épocas distintas,pois quando não é a gincana,o que sobra em São jeo...

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  4. Primeiramente, gostaria de dar os parabéns por este incrivel Blog, o qual acompanho quase que diariamente em busca de novas informações e curiosidades do meio gincaneiro,hehe.
    Pois bem, conhecemos bem a gincana de São Jerônimo, e sabemos de sua grandeza no "Mundo Gincaneiro", somos a Equipe ELITE - Organizadora de Gincanas, de Taquara/RS, e concerteza, seria um prazer fazer com que a Gincana SJ 2011 fosse um tremendo sucesso, principalmente com shows que deixassem os convidados de "boca aberta, babando, aplaudindo de pé...". Pois bem, estamos ae para o que der e vier, sempre desejando todo o sucesso á Liga de SJ, o qual temos certeza, a gincana 2011, promete!Pois juntos (gincaneiros) venceremos as dificuldades.

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  5. Belo post, Fábio.

    Quando se fala em "baile" em São Jeronimo, poucos agem e pensam com racionalidade. Pessoal deixa a emoção aflorar demais. Eu senti muito isso no ano que participei da Liga...quando teve aquela possibilidade de cancelar o baile por causa da H1N1...nossasinhora...foi um caos.

    Hoje quero saber onde estão os "Viva o Baile" para ajudar a recuperar financeiramente a Liga e a Gincana de SJ...

    Eu sou um cara que gosto da tarefa "Baile" mas considero o "Baile" uma tarefa. Uma tarefa que faz parte de algo maior: A Gincana.

    Mas vejo que muitos não pensam mais assim.

    O Baile é uma tarefa muito legal porque envolve mais a comunidade, incluindo a gurizada. Não quero que um dia São Jeronimo tenha que escolher o Baile ou a Gincana. Isso seria horrivel!

    O que a Liga e os Gincaneiros tem que fazer é agir com mais racionalidade em relação aos recursos financeiros. Se tiver que em alguns anos fazer um baile abaixo da expectativa em relação a Finanças, faça-o.

    Mas vai chegando setembro e o pessoal deixa a emoção aflorar, e começa a gastar desordenamente.

    Enfim...trabalhar muito para que esse quadro mude.

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  6. Concordo com você Fabio principalmente quando você coloca que esta faltando foco em nossa gincana.
    Está faltando foco. E mais pra se fazer grandes eventos como esta se tornando nosso baile tem que se ter dinheiro não basta só ter a ideias e realizar e depois ficar devendo dinheiro isso sem duvida suja o nome do evento. Eu como estudante de administração de empresas tenho que concorda.
    Eu estudo na Unisinos e lá eu já tentei conseguir patrocínio para o evento (baile), mas quando eu falo que se trata de uma gincana eles me dizem que seria mais fácil conseguir se fosse um festival de dança.

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  7. Sou da medonhos... vi o post agora acho que a liga foi feita para ajudar as equipes e não as equipes a liga... na minha opinião o baile fica a criterio de cada equipe se eu tenho eu banco a medonhos mesmo gastou 23 mil no baile e não os 30 q o fabio falou,gastamos este valor pq sabiamos q no ano passado não daria pra ganhar gincana, pq a equipe nova era nós e não eles e teriamos que dar um estimulo para nossa equipe... este ano não iremos gastar a metade que gastamos no ano passado pq queremos o foco q eh a gincana!!! O baile é o maior evento da gincana não somos conhecidos lá fora pela grande gincana e sim pelo grande baile como charqueadas é conhecida pelo grande desfile, só acho que ano passado a LIGA perdeu o foco fazendo EVENTOS FURADOS e gastando o dinheiro com isso e a conta acaba vindo para as equipes... na minha opinião o errado não é o baile e sim a LIGA!!!!! ah e a pedidos.....

    VIVA O BAILE!!!!!!

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