O dia em que a terra parou

Uma tradição, recentemente incorporada à rotina das equipes de gincana de São Jerônimo, é o desfile cívico em comemoração ao dia da independência do Brasil. Confesso que o primeiro desfile foi realizado meio que na obrigada. Em 2008, a Liga convocou as equipes para desfilar no dia 7 de Setembro e a primeira reação que tivemos foi: "Poxa vida, mais um compromisso!". O fato é que as decisões da Liga devem ser acatadas. Assim, chamamos o nosso valoroso elenco que, para nossa surpresa, gostou muito da ideia. Foi nesse desfile que surgiu uma outra tradição, essa somente da nossa equipe, o "aleluia". Que foi, e continua sendo, uma grande brincadeira, em que a gente pede força, ou agradece, ao cara lá de cima pelas graças alcançadas na gincana. Naquele desfile, porém, foi só uma forma de fazer algo diferente quando a gente chegasse à praça central, em frente ao palanque das autoridades. É sempre muito engraçado ver a cara das pessoas enquanto se faz a pregação.

Desta forma, o nosso elenco, desde 2008, faz questão de desfilar e gritar o aleluia em frente ao palanque oficial, mesmo sem convocação. Lembro que em 2009 a presença era opcional, houve equipes que praticamente não foram (dois ou três gatos pingados), e a gente em peso marcando presença. Esse ano não foi diferente. A Phoenix manteve a sua tradição e o orgulho de se fazer representar nesse dia tão importante. Portanto, o fato de não termos sido anunciados através da locução oficial do evento foi, no mínimo, grande descortesia. Analisando um pouco a situação descobrimos algo extraordinário: Para algumas pessoas de São Jerônimo o tempo parou em 2009 e somente existem equipes campeãs até esse ano, pois a locução anunciou, com pompa e circunstância, todas as campeãs de 1983 até 2009. Entre 2010 e 2012 houve apenas rainhas.

O desfile de 7 de Setembro é evento do município e organizado pelo poder municipal, portanto, teoricamente, as pessoas responsáveis pelo mesmo deveriam tirar a camiseta de sua equipe de preferência e mostrar a boa civilidade que deve permear todas as relações humanas. A Phoenix reconhece integralmente o mérito de todas as demais equipes componentes da liga, bem como as suas conquistas. Não é demais exigir a mesma reciprocidade em relação aquilo que conquistamos.

A menos que, em São Jerônimo, o tempo tenha parado em 2009! Isso explicaria muita coisa.